domingo, 8 de março de 2015

Petrolão: Para que as coisas permaneçam iguais!






















Petrolão:  Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude…



O engenheiro Shinko Nakandakari revelou como era feito o pagamento de propina à diretoria de serviços da Petrobras, nessa sexta-feira, em depoimento ao juiz Sergio Moro. Shinko disse que a propina continuou a ser paga mesmo depois da operação Lava Jato, porque “eles não imaginavam que a investigação chegasse aos executivos da Galvão Engenharia”.
Pois bem: falemos de Tomasi di Lampedusa. Em seu livro Il  Gattopardo, por aqui chamado O Leopardo,  ele definia o funcionário público, burguês e corrupto, como “o bigodudo dançando na fachada do palácio, no frontão das igrejas, no alto dos chafarizes, nos azulejos das casas”. E que esse tipinho se constituía no símbolo maior da opulência de uma nobreza que se via ameaçada pela mudança, pelos novos ventos da República.
“A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”.
Alguém espera que as coisas mudem agora após 15 de março. Talvez algo mude: mas apenas para que as coisas fiquem iguais…
A data de 15 de março é simbólica. Em 15 de março, ano 44 A.C., o imperador Júlio César foi assassinado com 23 facadas, vindas de um lote de 60 conspiradores. Um deles era justamente seu amigo Brutus. Antes do último suspiro, Júlio Cesar reconheceu o amigo asssassino e disparou a frase tornada famosa por William Shakespeare: “Até tu, Brutus?”
Quando estava rumando ao Senado, um pobre adivinho sugeriu que Julio Cesar tomasse cuidado com os “idos de março”. O arrogante Julio o ignorou. E morreu.
No calendário romano da época, os idos eram os dias 15 de março, maio, julho e outubro.  
Voltemos ao nossos idos de março. Sabem o que vai acontecer dia 15? Nada. Muito barulho por nada. Os acordos políticos terão  uma força  capaz até de fazer com que Dilma vire uma Inês de Castro, aquela que é rainha mesmo depois de morta…
Por que não vai acontecer nada? Porque no primeiro mundo, em geral, o cidadão sonha em se tornar rico para depois virar político. Na América Latina em geral, e no Brasil em particular, o cidadão sonha em virar político para poder ficar rico…Essa engrenagem não pode mudar. Não há “ido de março” que modifique isso, em essência.
O Brasil não existe sem corrupção. Se as empreiteiras pararem de pagar o pedágio, a estrada brasileira se fecha.  Nosso DNA é o da corrupção. É típico da brasilidade: é nosso sangue.
Quando nos anos 60  Paul Murry, empregado da Disney, inventou o Zé Carioca, o papagaio, referia que a ave era “um carioca da Lapa que vivia de golpes e malandragens”.
Os gringos sabiam do nosso DNA há muito. Por exemplo: Bill Clinton preparava uma visita ao Brasil em outubro de 1997. O Departamento do Comércio dos EUA elaborou então um relatório, entregue ao grupo de empresários norte-americanos, que acompanharia a visita do presidente Bill Clinton ao Brasil. O dossiê estabelecia que havia “um excelente potencial de negócios no Brasil, mas aqui a corrupção ainda é endêmica na cultura brasileira". Veja mais detalhes clicando aqui.
No Petrolão, vamos assistir a algumas dezenas de gatos pingados irem pro xilindró. Depois, algum político virá com a lorota de que as CPIs e investigações pesadonas estão travando a economia brasileira. Virá o Carnaval, as Olimpíadas 2016…e novos ladrões vão ser reconduzidos e reinstalados no íntimo do poder em que os trambiques se fazem.
Como notou Shakespeare, há método nessa loucura. E vamos continuar assim: trocando seis por meia dúzia porque o Brasil não pode parar.
Afinal, como disse Lampedusa, para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude…

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